sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Roxanne pegou seu livro e abriu na página marcada, leu dois ou três capítulos com o pensamento solto no ar, buscando ter alguma distração ao longo da noite. Quando seus olhos se depararam com uma palavra que tornavam os sentimentos adormecidos mais intensos, fazendo a pequena dor no peito voltar e machucar seu ser. Fechou o livro e jogou-o no chão, levantando-se do sofá e indo em direção a cozinha. Voltou atrapalhada com uma xícara de café na mão e pão de queijo na outra quando a campainha tocou, era o carteiro. “Que babaca, já tarde da noite vem me importunar!”. Deixou um pacote e um bilhete, se desculpou pelo horário e disse que foi o pedido que exigiu rapidez. O pacote era uma caixa embrulhada como presente, no bilhete dizia; “Espero que toda vez ao olhar para o céu e ver os pássaros voando em direção ao sol, se lembre de mim. Um beijo. Gabriel” Na caixa havia, talhado em madeira, um cenário já conhecido de Roxi, era bem trabalho, bem delicado. Podia-se ver algumas árvores, um gramado rasteiro e pássaros. Sim, era uma linda tarde ensolarada de setembro, onde grande parte da alegria e tristeza da pequena Roxi foi traçada. Onde seu amor lhe disse palavras doces e gentis, com mentiras ensaiadas na ponta da língua. Ela acreditou e se entregou, amou. No fim do dia, a máscara caiu e a verdade escapou pela boca do mentiroso, foi bem pelo olhar no momento de ardor de madrugada, mas a boca terminou de entregar. “Eu te amo, minha Rosa Maria”. O sujeito se atreveu a falar. Roxi, confusa e surpresa deu-lhe uns tabefes. “Como se atreve a me trair e o nome da outra sussurrar em meus ouvidos?” Nem um dia depois, Roxanne chorava de saudade, mas aquele atrevido nunca mais voltaria a amar. Não serão os pássaros que cruzam os céus que vão me fazer te aceitar, muito menos as palavras de um livro qualquer vão me fazer por ti chorar.



Letícia Durães

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