terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eu sou humana

Como todo ser humano, perdi minhas forças, parei de correr no meio da pista, cai ao chão e por lá fiquei, esperei, chorei, gritei, me ergui, sorri e voltei. Como primavera que teve suas flores destruídas, voltei mais forte, mulher decidida, com espírito sabedor, cabeça no lugar, de coração frio. Não busco mais por uma vida tranqüila, planos e objetivos, quero mais é me perder nas praias solitárias, pular e deixar o vento guiar meu destino, dançar ritmos diferentes, escutar sotaques e sentir cheiros diferentes. Entende? É só uma vontade de sair da bolha de plástico invisível que me cerca, de esquecer as bobeiras e tristezas que a vida me trouxe, pessoas novas, novos sabores, uma nova magia. Viajei. Voltei para casa. Admirei como minha casa permaneceu a mesma, suas paredes se fecharam em torno de mim, me deixaram... me deixaram morta, mataram a mim, mataram a pequena alegria que trouxe na bagagem, mataram com seus gritos do passado, com suas risadas ruidosas ecoando pelas velhas paredes e as janelas não deixavam o ar entrar. Morri mais uma vez, sem ar. Que devo ter feito na vida passada? Sento no chão e pego meu caderninho, junto os joelhos e escrevo, são só palavras, um esboço de desabafo, rabiscos, desenhos, músicas. Cadê o consolo? Mentiras sinceras não mais interessam, não me apego a palavras doces, nem gestos gentis, chega de meninice, basta. Não tenho mais que chorar, não permito ninguém a entrar aqui, não me doou por mais nada. Sinto muito, por mim.

Letícia Durães

Nenhum comentário:

Postar um comentário