sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Manuele,

Hoje, a caminho de minha casa olhando para o lado de fora do trem, lembrei de mamãe. A chuva batia no vidro reforçado da janela e o vento soava mais intenso do lado de fora, quase que pude sentir o cheiro dela, um cheirinho fresco de jasmim, a risada gostosa dela nos meus ouvidos, senti aquele arrepio que todas nós sentíamos quando ela nos contava aqueles causos, que eram contados a ela quando criança. Ah, minha querida Manuele, eu chorei baixinho dentro do meu vagão, mas senti que aos ouvidos daqueles que caminhavam no corredor chegaram os sons do meu pranto contido. Que saudade da nossa mãe, fez de sua vida tão sofrida uma fonte de bondade, sempre tão meiga e gentil com todos nós, sempre a nossa protetora vigorosa. Sou grata a ela, eternamente, por ter me adotado, por ter te adotado e por toda a nossa família, ela fez de tudo para nos mostrar que a vida não é um parque de diversão onde todos somos forçados a comprar o ticket e brincar, brincar de sofrer. Mamãe nos ensinou a tirar proveito disso, nos fez matar as dores e criar alegrias. Quando ela se foi eu chorei trancada no silêncio do meu quarto, ela nunca quis que chorássemos por morte, dizia que a vida era eterna, só queria que orássemos sempre. Minha linda Manuele, eu senti a presença calma de mamãe do meu lado naquele instante, me dando força para viver, eu chorei de novo, estava tão feliz, com amor preenchendo meu peito. Então eu pensei baixinho: “Um dia a gente se vê, minha mãe”

Eu te amo, irmã

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