quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lucy, nas nuvens

Lucy, jovem garota com toque de mulher, tão independente e mesmo assim ingênua. Ingênua sim está sempre à procura de um amor, aqui e acolá, não se cansa de errar, nunca pensou em esperar, quem sabe por medo de nunca achar. Menina teimosa, descontrolada, fazia o que bem entendia, amava escondida, guardava versos e poesias para si, chorava e não sabia, na maioria das vezes, sem saber o porquê, somente sentia o peito comprimir e os olhos ficaram rasos de lágrimas. Ah, sim, ela se sentia solitária. Ela queria ter um amor, alguém que a faça se sentir bem, segura, a vida era pesada demais para uma garotinha agüentar sozinhas os desenganos e mentiras, coisas inevitáveis, tristezas incomparáveis. Ela já se apaixonara algumas vezes na vida, até demais, mas nunca dera certo – ela não sentia que suas paixões carregassem algum afeto por ela - então, em toda sua confusão, jurou não mais amar.Como de costume viajou para visitar seus tios, no Tennessee, sozinha de avião, com pose de adulta sabida que nada sabia além de um palmo do nariz arrebitado. Até que o avião não estava muito cheio, então ela pode se acomodar em duas poltronas. Anoiteceu rápido e fazia muito frio naquela época, Lucy se enrolou nos cobertores e pôs seu fone de ouvidos, tentava relaxar e pegar no sono, mas ela tinha certo medo de altura e ficava apreensiva. Levantou-se e procurou uma aeromoça, ela estava entediada e quando ficava assim tinha fome, estava tudo silencioso, fora um som que vinha da outra classe, quase incompreensível. Curiosa com era, Lucy foi andando na ponta dos pés em direção ao som, atravessou a porta e viu que aquele ruído era causado pelo som pela televisão portátil do avião, alguém que estava em uma das poltronas logo à frente. Continuou andando até chegar à pessoa. Estava dormindo, era um rapaz, não muito mais velho a julgar pela aparência, de pele morena e cabelos negros ondulados, estava descoberto e seu corpo encolhido por causa do frio e os lábios meio que tremiam. Lucy, tirando coragem não sei de onde e escondendo a timidez, empurrou o jovem, na sua camisa estava gravado um nome, “Arthur”
.- Ei, acorde! – ela disse baixinho – Acorde, anda, você está congelando.
- Ahn... Ei! – ela disse de sobressalto – Quem é você? – limpando os olhos e se sentando na poltrona.
- É que escutei a televisão e não estava conseguindo dormir e... Bom, vim aqui e você estava dormindo e batendo o queixo. Está bem?
- Desculpe, é que eu, desculpe, me assustei.
- É... Posso sentar? Não consigo dormir e faltam algumas horas até o pouso do avião. Se incomoda?
- Não! Incomodo algum, sente aqui – ele desocupou a outra poltrona meio abobalhado – Desculpe, moça, mas qual teu nome? Eu sou Arthur, prazer – sorrindo e estendendo a mão.
- Ora, eu sou Lucy – ela se curvou como na época antiga e abriu um sorriso largo, se sentando e puxando a coberta – O que se passa? É um filme?
- Ah, é, Querido John, já viu?
- Não, acho que não. Você já? Não gosto muito de romances – disse Lucy meio pensativa.
- E seu o romance fosse à sua vida. Um amor a primeira vista, em um avião? – Arthur falou arqueando a sobrancelha – Você gostaria?
- Sim, mas agora eu tenho medo, não quero machucar ninguém, muito menos ser machucada. Não sei, é normal ter medo do amor, não? – Lucy abaixou a cabeça e chorou baixinho.
- Ei, todos temos medos, mas seria burrice deixar as oportunidades passarem porque tem medo de se ferir, deixando o arrependimento de não ter feito algo na vida consumir-lhe o corpo e alma. Apenas aceite. Olhe nos meus olhos e diga que não sentiu nada. Nem por um segundo.
- Não, eu não quero sentir.
- Mas sentiu, não adianta negar, Lucy. Eu posso ver, seus olhos flamejam, seu coração deve estar em ritmo descompassado, assim como o meu.
- Como pode? Você se sentir assim e saber que aqui dentro – ela fez um gesto indicando seu coração – se passa algo semelhante?
- Adoraria saber... Venha, me abrace. Eu preciso te abraçar, desde o momento em que vi você no embarque, também tive medo, mas você está aqui agora. E vai ficar, certo?
Lucy se deitou sobre o peito de Arthur e havia fechado os olhos. Na sua mente, embora confusa, tudo estava bem, seu peito estava cheio felicidade. Como se aquele momento fosse o mais importante, o mais esperado, o sonhado. Ela dormia tranqüila nos braços de Arthur e sorria enquanto ele afagava seus longos cachos louros e macios.

Letícia Durães

Um comentário:

  1. Seu Blog esta em construção e ta ficando muito bom!!

    Seguindo vc aqui, segue de volta??
    http://belezaeatragedia.blogspot.com

    ... bjos, Até Mais!!

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