sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A garotinha chorona sentada debaixo da árvore de ipê amarelo, carregava nas mãos um livro de capa branca e negra um tanto grosso, na capa estava gravado “A menina que roubava livros”, aquela menina tão bela sempre estava com os olhos verdes arregalados e vermelhos, vivia esfregando e limpando os olhos cheios de água. Queria saber os motivos da tristeza daquela menina, quero ainda, mas ela é tão retraída, parece que tem medo de conversar e eu fico com uma indecisão martelando a mente, não quero puxar assunto da maneira errada e ela não querer nem mais andar na mesma rua que eu. Agora ela se levanta meio lerda, meio tonta, deve ser porque leu a manhã inteira, como ela gosta de ler, está sempre com um livro na mão. As mãos dela são esguias, os dedos finos, com um anel no dedo indicador, e uma pulseira delicada no pulso. Ela é tão… tão (não sei). Quando a vejo sentada no canto da biblioteca da escola, tão quieta, com uma carinha chorosa eu só tenho vontade de me levantar da cadeira e ir na sua direção, dar um abraço demorado nela, secar aquelas lágrimas insistentes que tiram toda a beleza daquele verde esmeralda dos olhos dela, ser o motivo de um sorriso daqueles lábios avermelhados, queria recitar minhas poesias nos ouvidos dela. Será que ela me rejeitaria? Às vezes penso que sou invisível para ela, um dia a gente se esbarrou no corredor eu os livros dela caíram no chão, quando eu fui perguntar se ela estava bem ela disse: “Você deveria tomar mais cuidado.” Girou nos calcanhares e foi embora. Ah, fiquei meio atônito com a reação dela, pensei em tê-la machucado, mas ela saiu andando quase que correndo. Quando cheguei em casa no inicio da noite, fui tirar minha camiseta e o cheiro dela estava lá, um cheiro de maçã, sim era um cheiro suave de maçã. Já chega! Eu tenho que encontrá-la amanhã, eu tenho que enlaçar ela nos meus braços e dizer que meus pensamentos são dela, apenas dela. Eu vou perguntar o motivo das lágrimas dela e vou fazê-la feliz, eu vou ser o “Rudy” da vida dela e ela será a minha “Liesel”. A minha garota dos livros, minha poesia. -

Letícia Durães

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