sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Não vou chorar. Sou forte. Chorei mais que o suficiente… Mas aqueles olhos apresentaram-me tanta dor, tanta sinceridade. Eu deveria era tê-lo agarrado pela face e pregado um beijo macio naquela boca quente. Sebe, eu gostei de vê-lo daquela maneira. Teria ele sentido o mesmo quando era eu quem implorava? Ele nunca me quis tanto antes como me quis agora pouco, tava nos olhos o desejo. Pensei que ele me prenderia nos braços e largar-me-ia um beijo na boca – as últimas palavras ditas ficaram suspensas no ar pelo resto da noite. Eu não dormi nem por um instante, a conversa ecoava pela casa, na mente.
Ainda recordo-me. Assim que vi minhas forças me abandonarem subitamente. Corri atrás de sorrisos. Atrás de teus sorrisos. Encantei-me com teu olhar, por teus movimentos incertos, pela tua calma. Ah, doces são as minhas lembranças daqueles dias. Levastes-me a passeios de barco, enviava-me bilhetes, dava-me rosas; uma por semana. Teus lábios quentes roçavam minha pele, beijava-me a mão e subia ao pescoço. Íamos à modesta livraria, onde saboreavam nosso amor, fui numa delas que manifestamos, pela primeira vez, nosso amor. Nos fins das tardes de domingo, deitados no carpete da sala e fazíamos planos. Aliás, tudo era possível. Arriscaríamos. O mundo nos pertencia. Pertencíamos ao mundo. O que teríamos a perder? O nosso amor? Esse se mostrava eterno. Só enquanto durou, mas é claro.

Letícia Durães

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